Antonio Henrique Amaral

Antonio Henrique Abreu Amaral (São Paulo/SP, 1935 – 2015)

Pintor, gravador, desenhista. Tem uma vasta produção em pintura, desenho e gravura, seus trabalhos dialogam com a cultura contemporânea, ora se aproximando do surrealismo, da arte pop, ora das questões políticas e sociais.

Inicia sua formação artística na escola do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), com Roberto Sambonet, em 1952. Em 1956, estuda gravura com Lívio Abramo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). O aprendizado com o gravurista é fundamental para sua formação artística, pois ensina a impor disciplina a seu traço. Do mestre, retém apenas a técnica. Seu estilo, que já apresenta considerável veia surrealista, é inspirado em artistas como o chileno Roberto Matta, o suíço Paul Klee, o espanhol Joan Miró, entre outros, de quem absorve o equilíbrio entre o automatismo psíquico e o rigor formal.

Mudanças de ordem política e cultural marcam seu trabalho na segunda metade da década 1960, que começa a incorporar elementos da gravura popular e a figuração extraída da cultura de massa, como a publicidade e o graffiti. Violência, sexo e política são temas tratados no uso recorrente de imagens de generais e bocas. Desse período, destaca-se o álbum de sete xilogravuras coloridas da série O meu e o seu (1967), com apresentação e texto de Ferreira Gullar e capa de Ruben Martins, no qual revela de forma sintética a questão da internalização do autoritarismo. Passa a se dedicar predominantemente à pintura. Em 1971, recebe o prêmio viagem ao exterior do Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro e viaja para Nova York. Retorna ao Brasil em 1981.

A busca por símbolos que remetam a uma situação, e cujos sentidos são construídos e reiterados no decorrer de suas aparições, é algo constante na produção de Amaral. Se de início elege as bocas e a figura do general, presentes também em suas primeiras pinturas de meados dos anos 1960, é na representação da banana, ou por meio dela, que o artista consegue concentrar toda sua insatisfação com o momento histórico. Índice às avessas de uma identidade nacional, a figura da banana é trabalhada em diversas situações: solitária e em cachos, transpassadas por cordas, facas ou garfos, maduras, verdes ou apodrecidas. Como metáfora, a banana se refere tanto à ditadura militar quanto à posição do Brasil no conjunto dos países democráticos. Refere-se ao “ser” brasileiro no momento em que está em voga o slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”, ao mesmo tempo em que retoma uma tradição moderna de representação do caráter nacional que se inicia com a bananeira em Tropical (1917), de Anita Malfatti, passando pela pintura A negra (1923), de Tarsila do Amaral, e Bananal (1927), de Lasar Segall. Em seu “hiper-realismo” quase fantástico, com enquadramentos fotográficos e abuso de cortes transversais e close-up, Amaral retoma também uma determinada tradição da pintura de natureza-morta de nomes como o artista holandês Alberto Eckhout (ca.1610-ca.1666) e o mexicano Rufino Tamayo (1899-1991).

Em rotação, tais signos adquirem “novos significados em função do encadeamento de fases e épocas de sua pintura e do relacionamento de sua obra com a realidade do país e do mundo”. Com o passar dos anos, Antonio Henrique Amaral lança mão de outras figuras-símbolo em sua pintura, criando séries com base no garfo, no bambu, em seios enormes e torsos, na mata e urbe estilizadas.

Antônio Henrique Amaral desenvolve prolífica obra, sempre atento às transformações do seu tempo e estando aberto para dialogar e criar com inúmeras manifestações artísticas que marcam intensamente as inovações que acontecem no século XX.

Fonte: Itaú Cultural.

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