Cândido Portinari

Candido Portinari (Brodósqui/SP, 1903 – Rio de Janeiro/RJ, 1962)

Pintor, gravador, ilustrador e professor. Portinari caracteriza-se como um artista que muda suas técnicas ao longo do tempo, mas mantém como temática o homem brasileiro e as questões sociais e históricas que o determinam.

Inicia sua formação artística na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, em 1920. Obtém o prêmio de viagem ao exterior em 1928 e segue para a Europa no ano seguinte, episódio crucial em sua trajetória artística. Lá, conhece as obras dos mestres italianos Giotto e Piero della Francesca, além de importantes nomes da cena europeia da época, como o artista plástico italiano Amedeo Modigliani e o pintor espanhol Pablo Picasso. Todos esses artistas têm grande influência na obra de Portinari em diferentes momentos de sua carreira. 

Retorna ao Brasil no início de 1931 e passa a produzir com intensidade. No começo da carreira, Portinari tem a intenção de criar uma pintura de característica nacional, baseada em tipos brasileiros, seguindo o legado do pintor Almeida Júnior (1850-1899). Porém, para o escritor Mário de Andrade (1893-1945), em grande parte de suas pinturas, Portinari não está preocupado em retratar determinado brasileiro (como faz Almeida Júnior no fim do século XIX), mas o povo brasileiro. Assim, Portinari supera o regionalismo de Almeida Júnior e produz uma obra com um caráter nacional e moderno, não apenas pelos temas tratados, mas também por suas grandes qualidades plásticas, o que vai ao encontro das ideias de Mário de Andrade e do movimento modernista brasileiro.

Portinari é um artista reconhecido não apenas por seus quadros, mas também por seus famosos murais em prédios e monumentos importantes. Em 1936, realiza seu primeiro mural, que integra o Monumento Rodoviário da Estrada Rio-São Paulo. Em seguida, convidado pelo então ministro Gustavo Capanema (1900-1985), pinta vários painéis para o novo prédio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), no Rio de Janeiro, com temas dos ciclos econômicos do Brasil. Em 1941, pinta os painéis para a Biblioteca do Congresso em Washington D.C., Estados Unidos, com temas da história do Brasil. Realizados em têmpera, com grande luminosidade, os painéis têm como protagonistas, mais uma vez, os trabalhadores. 

Ainda na década de 1940, depois de ver Guernica (1937), de Picasso, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), a admiração de Portinari pela obra do pintor espanhol, presente desde o início da carreira, é renovada. O trabalho de Portinari passa, então, a apresentar mais dramaticidade, expressando a tragédia e o sofrimento humano, e adquire caráter de denúncia em relação a questões sociais brasileiras, reveladas em obras como as da Série Bíblica (1942-1944) e Os Retirantes (1944-1945). 

Já na Série Os Retirantes, os elementos expressionistas continuam presentes, mas com uma dramaticidade mais controlada. As telas são construídas com pinceladas largas e em composições piramidais, apresentando uma paleta dominada por tons terrosos e cinza, que realçam o caráter da representação. O artista expressa a tragédia dos retirantes por meio dos gestos crispados das mãos e das lágrimas de pedra. Há uma desarticulação das figuras, em um ritmo definido pelas linhas negras, com um fundo que tende à abstração em algumas obras.

Em 1956, Portinari inaugura os painéis Guerra e Paz (1953-1956), produzidos para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, pelos quais recebe o Prêmio Guggenheim no mesmo ano. Esses murais apresentam um resumo da trajetória do artista, em termos de iconografia: neles estão presentes a mãe com o filho morto, os retirantes e os meninos de Brodósqui.

Em 1979, seu filho João Cândido Portinari (1939) implanta o Projeto Portinari, que reúne um vasto acervo documental sobre a produção, a vida e a época do artista, com o objetivo de resgatar mais de 4.600 obras de Candido Portinari, que  constituem, em sua grande maioria, coleções particulares, inacessíveis ao grande público. 

Candido Portinari é um dos maiores expoentes da arte brasileira, não apenas por suas qualidades artísticas e pelo seu reconhecimento internacional, mas, principalmente, por contribuir com a fundação de uma cultura nacional no Brasil. Sua obra é ao mesmo tempo singular, ao retratar as mazelas sociais brasileiras, e universal, ao retratar o sofrimento humano.

Fonte: Itaú Cultural.

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