Rodolfo Amoêdo
- Rodolfo Amoêdo, Paisagem, 1880. Desenho a grafite – 16 cm x 9 cm
- Rodolfo Amoêdo, Paisagem, 1880. Desenho a grafite – 16 cm x 9 cm [Detalhe]
Rodolfo Amoedo (Salvador/BA, 1857 – Rio de Janeiro/RJ, 1941)
Pintor. Destaca-se por ser um dos responsáveis pela renovação no ensino e na estética acadêmica da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no fim do século XIX. Ainda criança, muda-se para o Rio de Janeiro em 1868. É admitido no Colégio Pedro II, mas a falta de dinheiro o impede de concluir o curso. Depois disso, o artista trabalha como assistente do pintor-letrista Albino Gonçalves. Estuda no Liceu de Artes e Ofícios, em 1873. No ano seguinte, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Em 1878 recebe o prêmio de viagem ao exterior da Aiba pela tela Sacrifício de Abel e viaja para Paris no ano seguinte como pensionista da academia. Na capital francesa, estuda na Académie Julian e na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris, onde aprende a usar cores discretas e a pintar com base em um desenho objetivista. Essas características estão presentes em sua obra desse período, quando pinta temas tradicionais da academia, buscando retirar-lhes a carga idealista. Realiza pinturas indigenistas importantes, como Marabá (1882) e Último Tamoio (1883).
Durante esse momento áureo de criatividade, pinta retratos, como em Amuada (1882); nu feminino, como em Dorso de mulher (1881) e na polêmica Estudo de mulher (1884); e cenas bíblicas, como A partida de Jacó (1884) e Jesus em Cafarnaum (1887). Apesar da visão essencialmente tradicional sobre pintura, é um dos artistas que atualizam a arte acadêmica brasileira. Introduz no fazer artístico da época o realismo burguês menos idealizado nos temas e no tratamento do que as correntes neoclássicas e românticas predominantes no Brasil até então. No entanto, é visto como um artista ambíguo, pois renova e faz a defesa intransigente dos velhos padrões. O crítico e historiador Tadeu Chiarelli (1956) diz que “Amoedo surge indeciso entre o papel de herdeiro do academicismo local e aquele de introdutor do realismo burguês […] curiosamente o artista consegue transformar o seu realismo inicial no único herdeiro possível e intransigente da arte tradicional no país, única sentinela eficaz contra os avanços das vanguardas vindas da Europa”1. Retorna ao Brasil em 1887 e realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, em 1888. Nesse ano é nomeado professor honorário de pintura histórica na Aiba. A influência do ambiente acadêmico francês se nota em suas concepções tanto estéticas quanto pedagógicas. Seu trabalho se afasta do tom triunfante da pintura oficial e procura dar às suas telas um tratamento mais objetivo, que o distancie de temas mitificados. Suas discordâncias dos métodos de ensino da Aiba são expressas em 1888, quando, ao lado de Henrique Bernardelli (1858-1936), Rodolfo Bernardelli (1852-1931), Antônio de Souza Lobo (1840-1909) e Zeferino da Costa (1840-1915), funda o Ateliê Livre.
Trata-se de um espaço paralelo de ensino e trabalho de arte, onde os artistas chamam a atenção para a defasagem do ensino acadêmico e propõem uma modernização curricular inspirada pela Académie Julian. Em 1889, com a proclamação da República, o grupo é reconhecido e, depois do fim da Aiba (1889), conquista a diretoria da Enba, inaugurada em 1890. Torna-se vice-diretor da Enba em 1893 e em 1896, e professor catedrático honoris causa em 1931. Tanto na pintura, quanto no ensino, tem preocupação crescente com as questões técnicas do ofício, deixando os temas em segundo plano. Preocupa-se com a correção do desenho e a suavidade da cor, obedecendo às normas tradicionais de composição. Como professor, ensina com a mesma rigidez: indica onde as cores devem ser distribuídas na paleta e é rígido com questões da técnica pictórica. Em 1906, se desentende com o diretor da Enba, Rodolfo Bernardelli, e parte para a Europa. Afasta-se da escola até 1918, ano em que reassume a cadeira de professor da instituição, ocupando-a até a aposentadoria, em 1934. Boa parte dos artistas formados pela Enba passa por suas mãos, como Baptista da Costa (1865-1926), Eliseu Visconti (1866-1944) e Candido Portinari (1903-1962). Realiza trabalhos para o Palácio Itamaraty, a Biblioteca Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Supremo Tribunal Militar, instituições instaladas originariamente no Rio de Janeiro; no Museu do Ipiranga, em São Paulo; e no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Nos limites do realismo acadêmico, poucos artistas se mostram tão sensíveis à captação da subjetividade burguesa, sobretudo em retratos e cenas de gênero. Rodolfo Amoedo é reconhecido até os dias de hoje como um dos grandes nomes da arte acadêmica brasileira.
Fonte: Itaú Cultural.
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